De Mãos Dadas
9 de outubro: Dia Mundial das Aves Migratórias
Em Portugal, a andorinha simboliza a primavera, pois regressa ao local onde fez o seu ninho, assimilando-se ao lar, a família, a fidelidade e a lealdade. Rafael Bordalo Pinheiro moldou alguns exemplares de cerâmica em 1891 que proliferaram em decorações, tornando-se um ícone português.
A Península Ibérica, além de ser um refúgio de inverno para as aves europeias, é um dos principais corredores migratórios do mundo, pois estima-se que entre 30 e 50 milhões de aves cruzem o Estreito de Gibraltar duas vezes por ano na sua viagem de até 20.000 km para invernar em África. A viagem também é arriscada, já que as aves voadoras (cegonhas e aves de rapina) aproveitam as crescentes correntes de ar quente para voar enquanto essas correntes não se formam na superfície do mar e só podem cruzar quando está ventando, 60% dos dias, que tem que aproveitar para essa viagem que a maioria faz sozinha quando seu programa genético avisa quando migrar, em que direção e quanto tempo tem que durar. E também, 80% o fazem à noite para evitar a radiação solar e predadores.
No entanto, o aquecimento global está mudando as rotas das aves, à medida que mais e mais aves migratórias permanecem na Península Ibérica, chengando várias dezenas de espécies africanas para colonizar o Sul, uma vez que o Sul da Europa é cada vez mais parecido desde o ponto de vista ecológico com o Norte da África; e com o início da primavera e a época de reprodução, apenas as espécies que estão se a adaptar vêem suas populações aumentar.
4 de outubro: A Mão Incorrupta de Santa Teresa
A Mão Incorrupta de Santa Teresa de Jesus é um relicário do século XVII que se encontra na Iglesia da Merced, na cidade de Ronda (Málaga). É uma peça de prata dourada incrustada com pedras preciosas que contém a mão de Santa Teresa de Jesus. Dez meses após a morte da santa, em outubro de 1582, seus restos mortais foram exumados. O seu corpo parecia incorrupto e flexível, pelo que o Padre Gracián cortou-lhe a mão e entregou-a às Carmelitas Descalças de Ávila e mais tarde às Carmelitas do convento de San Alberto de Lisboa.
No século XIX, as Carmelitas foram suprimidas pelo governo português e a mão passou para o Patriarcado, que por sua vez a entregou posteriormente ao novo Convento Carmelita dos Olivais. Com a revolução portuguesa de 1910, os Carmelitas foram expulsos do país, dispersando-se por vários conventos carmelitas em Espanha. Finalmente conseguiram encontrar-se no convento das Carmelitas Descalzas de Ronda, levando consigo o relicário com a mão de Santa Teresa.
30 de setembro: Día Internacional da Tradução
Inúmeros escritores têm-se interessado pela obra de autores portugueses ao longo do século XX e até ao presente, traduzindo-a para a sua publicação em Espanha. As versões de Eça de Queirós foram assinadas, entre outros, por Ramón del Valle-Inclán; as de Guerra Junqueiro, Eduardo Marquina; as de Castro, Francisco Villaespesa; as de Pascoaes, Fernando Maristany.
Um interessante elenco de mediadores para situar as vozes mais importantes das letras portuguesas modernas no universo literário espanhol. Foi Rubén Darío quem consagrou em Espanha a obra do poeta português mais popular e traduzido da época, o professor da Universidade de Coimbra Eugénio de Castro, cujo livro Oaristos (1890) o transforma no primeiro simbolista da península.
Mais recentemente, destacam-se vários vencedores do Prémio Eduardo Lourenço; Ángel Campos Pámpano como tradutor de poetas (Fernando Pessoa, António Ramos Rosa, Carlos de Oliveira, Eugénio de Andra, Sophia de Mello Breyner Andersen, entre outros), Antonio Sáez Delgado (tradutor de Fernando Pessoa, António Lobo Antunes, Manuel António Pina, José Gil e Teixeira de Pascoaes, entre outros); e Basilio Losada quem traduziu a Jorge Amado, Saramago, e que também recebeu em 1991 o Prémio Nacional de Tradução por A História do Cerco de Lisboa de J. Saramago, bem como José Antonio Llardent e Juan Eduardo Zúñiga, vendedores em 1987 pelas suas traduções de Poesias e prosas selectas de Antero de Quental, ou Mario Merlino em 2004 por Auto dos condenados de António Lobo Antunes.
16 de setembro: Emilia Pardo Bazán
Nascida um 16 de setembro e cujo falecimento assinala o centenário em 2021, a escritora, colunista e crítica musical galega da Corunha, de personalidade independente que agitou os meios literários e intelectuais, ao tempo que abraçava o naturalismo literário, teve ao longo da vida uma admiração e um afecto invariável para com Portugal, cuja língua dominou entre outras. Escreveu em 1915: “Portugal é um país que nunca deixou de ser o meu país preferido e que tenho procurado conhecer o melhor possível, visitando-o várias vezes e tendo aí excelentes e inesquecíveis amigos”.
A presença de Portugal no seu trabalho jornalístico é precoce, como diretora da Revista de Galicia na qual incluiu uma secção dedicada à divulgação do movimento literário português. Admiradora de Castelo Branco, a quem considerava “o Balzac português”, manteve também correspondência com Teófilo Braga, Ramalho Ortigão e com Eça de Queiroz, a quem também conheceu pessoalmente, este último em Paris e cujas obras tinha quase completas. Não deixou de assinar o manifesto de escritores de vários países a favor de Portugal contra o Reino Unido em 1890.
30 de julho: Tratado de Amizade e Cooperação entre Portugal e Espanha
Hoje, 30 de julho, é o Dia Mundial da Amizade e o celebramos recordando o Tratado de Amizade e Cooperação entre Portugal e Espanha. Este tratado foi um tratado bilateral, assinado entre a República Portuguesa e o Reino de Espanha em 1977 e ratificado em 1978, com o objetivo de reforçar os laços de amizade e solidariedade entre os dois países europeus.
O Tratado, que está a ser revisado com a ideia da sua atualização, tem a finalidade manter uma prática de boa vizinhança e de múltipla cooperação, quer no plano bilateral, quer no quadro das organizações internacionais de que são membros, com vista à promoção dos ideais da liberdade, bem-estar social e progresso dos seus povos.
14 de julho: Rio Douro
O rio Douro, desde a província de Sória até o Porto, é uma artéria central da vida das regiões a ambos lados da fronteira hispano-portuguesa, sendo um canal de transporte essencial para mercadorias e pessoas.
Porém, antigamente o Douro era um rio perigoso e indomável onde apenas alguns barcos conseguiam navegar. Cheio de correntes e baixios exigiam grande perícia e experiência para navegar.
Hoje em dia o Douro, com a construção de barragens, é um rio completamente navegável e estável que tem permitido o aproveitamento turístico através de cruzeiros que o percorrem diariamente.
7 de julho: Mafra-El Escorial
No dia 7 de julho de 2019, o Palácio Nacional de Mafra foi declarado Patrimonio Mundial pela UNESCO. Espanha e Portugal, contam na autalidade com um imenso patromónio de valor inigualável fruto do processo fruto do desenvolvimento histórico das suas instituições monárquicas, e os edifícios contruidos e bens culcurais adquiridos por estas ao longo dos séculos.
O Palácio Nacional de Mafra, à semelhança do Palácio de San Lorenzo del Escorial em Madrid, é um edifício barroco que foi mandado construir por D. João V, no século XVIII, está formado pelo Paço Real, uma Basílica, um Convento e uma Tapada. De facto, o nascimento da princesa Bárbara de Bragança, depois mulher do rei de Espanha Fernando VI, foi o que fez que o rei iniciara as obras.
Ambos os palácios têm em comum ser paragem habitual das famílias reais, e lugar de descanso dos mesmos., assim como ser dos das grandes joioas arquitetónicas do conjunto dos palácios de cada país.
3 de julho: Ramón Gómez de la Serna
Ramón Gómez de la Serna foi o escritor do vanguardismo espanhol mais relacionado com Portugal, fazendo parte, junto de outros como Miguel de Unamuno ou Eugeni d’Ors, do seleto grupo de autores espanhóis interessados ativamente em Portugal nas primeiras décadas do século XX.
De la Serna viajou várias vezes a Portugal, onde chegou (em Estoril) a construir uma casa a qual chamou El Ventanal. Escreveu muitas páginas dedicadas a Portugal, e aos seus cafés e escritores, em obras como o romance La quinta de Palmyra e os contos El inencontrable e El cólera azul.
Também participou em algumas das revistas próximas ao primeiro modernismo português, como a revista lisboeta Contemporânea e escreveu várias das suas obras em Portugal, assim como foi amigo de alguns dos artistas portugueses mais conceituados desta época.
21 de junho: A canção "Maria la Portuguesa"
No Dia Europeu da Música recordamos a canção María la Portuguesa, uma das coplas mais populares do nosso tempo, composta por Carlos Cano. É uma canção que oscila entre o fado e o pasodoble, dedicada a grande Amália Rodrigues, quem chegou a cantar em varias ocasiões esta canção com Carlos Cano, juntando a dois dos mais importantes representantes do fado português e da copla andaluza.
20 de junho: Gracia Mendes Nasi
Gracia Mendes Nasi, também conhecida como “A Senhora”, foi uma empresaria e filantropa portuguesa nascida numa família aragonesa que fugiu para Portugal em 1492. Chegou a ser uma das mulheres mais ricas e influentes da Europa do Renascimento, mas passou a história por criar uma rede de escape da Península Ibérica que salvou a centos de conversos judeus das perseguições da Inquisição no século XVI.
A história impressionante de Dona Gracia rende-lhe homenagens em diversas partes do mundo ao longo de 2010, quando se comemoraram os 500 anos do seu nascimento. Na cidade de Tiberíades, em Israel, existe um museu em sua homenagem, a Casa Dona Gracia. Em 2017 foi celebrado no Centro Cultural de Belém um colóquio internacional sobre a sua figura com o apoio da Seção Cultural da Embaixada de Espanha em Lisboa.
5 de junho: As marismas do Guadiana
Pelo Dia Mundial do Meio-Ambiente destacamos otra das muitas paisagens naturais que Espanha e Portugal partilham. Próximo ao océano o Rio Guadiana forma um pequeno estuário, com margens pantanosas, ladeado a leste por ilhas aluviais. Nas suas margens encontram-se as cidades espanholas e portuguesas de Ayamonte e Vila Real de Santo António, respetivamente.
Antes da desembocadura, parte do fluxo abre-se através da Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António, formando uma torrente de água que dá origem a diversas marismas, ligadas entre si. A parte espanhola desta zona húmida, que se estende desde o Guadiana até Carreras, no concelho de Isla Cristina (Huelva), está protegida pela administração espanhola através do estatuto jurídico de Área Natural dos Pântanos Isla Cristina.
1 de junho: Instituto Espanhol Giner de los Rios
No Dia Mundial da Criança queremos reconhecer a labor educativa do Instituto Espanhol Giner de los Rios. O Instituto encontra-se na freguesia portuguesa de Algés, entre Oeiras e Lisboa e foi criado em 1932, sendo, por tanto, o mais antigo dos centros educativos espanhóis no estrangeiro. Recebe o nome de Giner de los Ríos, criador e diretor da Institución Libre de Enseñanza (ILE) e impulsor de muitos outros projetos pedagógicos.
O Instituto é um centro integrado que leciona Educação Infantil, Primária e Secundária de acordo com o sistema educacional espanhol adaptado ao sistema educacional de Portugal. A língua veicular dos ensinamentos é o espanhol mas o ensino do português tem um tratamento especial.
28 de maio: Prémio Carlos do Carmo
No dia 25 de maio, Dia do Autor Português, foi entregue o primeiro Prémio Carlos do Carmo. O prémio foi instituído pela Sociedade Portuguesa de Autores, como forma de homenagear o intérprete falecido em janeiro deste ano, associado dessa instituição desde 1997.
Nesta primeira edição o Prémio foi atribuído ao projeto de Lina, cantora de exceção, fadista residente do Clube de Fado e autora de dois álbuns, e do Raül Refree, músico espanhol e um dos produtores mais inovadores da atualidade, que deu uma nova perspetiva ao flamenco, produzindo artistas como Sílvia Perez Cruz ou Rosalía, assina todos os arranjos e produção deste projeto. Este galardão concedido a um projeto luso-espanhol vem juntar-se a uma imensa lista de distinções internacionais que o duo tem vindo a angariar desde a edição do primeiro álbum em janeiro de 2020.
15 de maio: Romería transfronteiriza de Rosal e Vila Verde de Ficalho
Na terra raiana Rosal de la Frontera em Huelva celebra-se cada ano em maio a Romaria de San Isidro Labrador na ribeira do Alcalaboza, numa paisagem de extraordinária beleza. Esta festa acentua ainda mais o caráter transfronteirizo da vila participando numa hermandade com a localidade portuguesa de Vila Verde do Ficalho.
A Romaria de San Isidro Labrador, a festa mais importante que se realiza em Rosal de la Frontera, é uma peregrinação transfronteiriça, que convida à participação da Comissão do Festival Nossa Senhora das Pazes, de Vila Verde de Ficalho. As relações entre os dois santos refletem simbolicamente as relações de amizade entre dois povos vizinhos, justificadas em várias narrativas.
No dia da Romería, os tamborileros conduzem às pessoas pelas ruas de Rosal e recebem à Comissão de Vila Verde na Fronteira, que é convidada a participar no ritual da festa. Na Igreja, um o coro romero dedica um canto à união entre as duas terras e na rua se dedicam saudações aos dois santos.
9 de maio: Ortega y Gasset
Um dia como hoje nascia José Ortega y Gasset, provavelmente o maior filósofo espanhol do século XX, principal expoente da teoria do perspectivismo e da razão vital e histórica, situada no movimento de Noucentismo.
Após o começo da Guerra Civil espanhola exilia-se em vários paises permanecendo em Portugal entre 1942 e 1945 onde escreveu a sua obra Origen y Epílogo de la Filosofía, que em princípio foi uma reflexão feita para servir de epílogo à História da Filosofia, do seu discípulo Julián Marías e impartiu um curso na Universidade de Lisboa intitulado La Razón Histórica.
No âmbito da Mostra Espanha 2017 foi organizado o Congreso Internacional Presencia de Ortega y Gasset en Portugal y Brasil, que tratava trata sobre a influencia de Ortega y Gasset na filosofía em lingua portuguesa.