XXIII Festa do Teatro – Festival Internacional de Teatro de Setúbal 2021

As companhias espanholas Cia Mar Gómez, Compañía Trotamundos e Alodeyá Circo Danza apresentam os seus espetáculos na presente edição do Festival Internacional de Teatro de Setúbal.

O Festival Internacional de Teatro de Setúbal – Festa do Teatro teve início em 1995 de forma a comemorar os 10 anos de existência do Teatro Estúdio Fontenova. Com a excepção de 1998, 1999 e 2003 o Festival tem-se realizado de forma contínua e sem interrupções.

A programação consiste em espectáculos de referência de companhias nacionais e internacionais, assim como em projectos e artistas emergentes, este último ponto é reflectido especialmente através da secção Mais Festa, onde os artistas apresentam o seu trabalho e recebem contribuições a chapéu do público presente. Dentro da Secção OFF – Mais Festa existe opção de concurso para espectáculos de Teatro, quem a vencer entra na secção oficial do ano seguinte a cachet. O Festival conta também com música, exposições, curtas-metragens e debates, na sua maioria discutindo o papel do teatro na sociedade.

Além disso, no Festival será apresentada uma representação em português da A Paz Perpétua, de dramaturgo espanhol Juan Mayorga.

A Paz Perpétua de Juan de Mayorga

• 18 e 19 de agosto às 21h00. No Auditório da Escola Secundária Sebastião da Gama.
• De Teatro Estúdio Fontenova.

Hannah Arendt defendia na Banalidade do Mal que, em resultado da massificação da sociedade, se criou uma multidão incapaz de fazer julgamentos morais, razão porque aceitam e cumprem ordens sem questionar. A Paz Perpétua de Mayorga traz-nos novamente a essa realidade de Arendt, onde a Paz se constrói na falta de moralidade. Referindo-se o próprio título da obra de Mayorga ao ensaio filosófico de Kant que reflete a eterna questão “será que os fins justificam todos os meios?”, deixa-nos a premissa de uma reflexão demasiado actual: onde é que as medidas de segurança acabam e onde é que começa o terrorismo? O autor espanhol oferece-nos uma metáfora à ameaça terrorista global, três cães a competir por um lugar num corpo de elite de combate antiterrorista. Com o humor, por vezes negro, mas de um requinte de quem explora mais as suas dúvidas do que certezas, o autor ao dar às suas personagens a forma de animais, pode explorar ideias e conceitos que de tão brutais seriam inconcebíveis sair da boca de um ser humano, o que permite alargar a fronteira catártica desta sua metáfora.

SiempreViva

• 21 de agosto às 21h00. No Fórum Municipal Luísa Todi.
• De Cia. MárGomez.

Siempreviva é o primeiro solo de dança e teatro do director coreógrafo Mar Gómez. Um espectácu-lo interdisciplinar com música em directo que se move entre o realismo e a paródia. A “Immortelle” é uma planta perene muito resistente a condições de cultivo mais difíceis. Um sobre-vivente. Como protagonista do novo espectáculo da Cia Mar Gómez, um personagem que levanta, de forma humorística, a bizarra história de uma mulher presa nos valores sexistas de nossa sociedade actual. Uma realidade em que coexiste, por um lado, o impulso ascendente feminista, e, por outro lado, um substrato cultural de um sexismo recalcitrante. Duas realidades opostas que se manifestam em paralelo. Uma história de resistência e libertação por conta própria confinamentos, aqueles dos quais é mais difícil para nós escapar.

Historias de un Baúl

• 23 de agosto às 21h00. Na Praça do Bocage.
• De Cia. Trotamundos.

Histórias de um Baú, é a história do Fidel e da Capulita. Duas enternecedoras personagens, viajantes, circenses, sonhadoras e colegas que passam pela vida com um antigo Baú às costas. Bolas de malabares, aros hulahoops e o baú são os objectos com que se desenvolve esta comovente história de humor e Circo.

Simbiosis

• 24 de agosto às 21h00. No Parque do Bonfim.
• De Alodeyá Circo Danza.

A pessoa. O indivíduo e sua identidade. O que é, o que precisa ser, a sua própria individualidade, cres-cer, cooperar, o eu versus o todo. Quem sou eu? Quem sou eu contigo? Quem somos nós juntos? Jun-tos somos mais fortes. Somos? Alodeyá encena uma reflexão sobre as relações, a individualidade e o colectivo através do circo, da dança e música.