Road movies com sotaque

Ciclo de cinema no Instituto Cervantes de Lisboa.

Os filmes de viagens ou estrada (road movies em Inglês) são um gênero cinematográfico que desenvolve o seu assunto através de uma viagem. A viagem é quase sempre a razão para contar uma história, as viagens interiores ou físicas. No caso de este ciclo, os caminhos das personagens servem-nos de desculpa para percorrer a geografia espanhola, os seus sotaques e as suas formas de fazer filmes. Mas é também uma oportunidade para ver como nos relacionamos com outras culturas, nas suas viagens.

Este ciclo tem como objetivo reunir uma seleção de longasmetragens, escolhidas justamente por causa da sua disparidade, tanto temporária, como temática e geográfica, delineando a ideia de multiculturalismo espanhol e das visões do outro, além dos clichês.

Carreteras Secundarias

• 5 de abril | 18h30.
• Emilio Martínez Lazaro, 1997, 108 minutos.

1974. Um adolescente e seu pai viajam num carro, a única propriedade que eles têm, a sua vida é um movimento contínuo por apartamentos costeiros de aspecto desolado na época baixa de turismo.

Crebinsky

• 12 de abril | 18h30.
• Enrique Otero, 2011, 90 minutos.

Chuvas torrenciais causam cheias do rio, inundando uma vila. A corrente arrasta os irmãos Crebinsky e a sua vaca, que aparece viva miraculosamente num local da costa. Crescem lá, ao pé de um farol, e sobrevivem apanhando coisas que traz o mar, as crebas. Isolados dos acontecimentos bélicos ao seu redor, criam o seu próprio mundo: um universo particular de realismo fantasioso. O ritmo da vida diária com sua vaca Muchka é alterada quando ela desaparece. É nessa altura quando os irmãos começam uma busca desesperada que vai levá-los a partir da costa para o interior. Um filme de estrada real, uma viagem interior de encontros imprevistos, sentimentos escondidos e memórias apagadas. Sem saber para onde ir, acabam descobrindo de onde eles vêm.

El Rayo

• 20 de abril | 18h30.
• Fran Araújo y Ernesto de Nova, 2013, 86 minutos.

A odisséia de Hassan, um imigrante marroquino que, depois de treze anos em Espanha, já não encontra trabalho e decide voltar para casa. Investe todas as suas economias num trator de segunda mão para ganhar a vida em Marrocos e decide levá-lo conduzindo-o até lá. Quando chegou a Espanha ele não tinha nada, agora retorna com a sua única posse: o Lightning.

Fugitivas

• 26 de abril | 18h30.
• Miguel Hermoso, 2000, 98 minutos.

Depois de cometer um assalto, uma mulher e seu namorado traem seus companheiros. Então eles escapam para o sul com uma menina de sete anos que quer ver seu pai. Numa pousada de beira de estrada, o noivo abandona as duas, que serão obrigadas a continuar a fugir do assédio de seus amigos e da polícia.

La Casa de Emak Bakia

• 3 de maio | 18h30.
• Oskar Alegría, 2013, 83 minutos.

Um filme de vanguarda chamado Man Ray Emak Bakia, em basco Deixe-me sozinho, desencadeia a história de uma pesquisa. A casa onde foi filmado em 1926 perto de Biarritz tinha esse nome peculiar e Oskar Alegria decide empreender uma caminhada para a sua localização. Da mansão, Man Ray apenas mostra três planos: a imagem da sua porta da frente, duas colunas de uma janela e um pedaço de costa próxima. A busca a travês de essas imagens antigas não será fácil. O nome não aparece nos arquivos e hoje ninguém se lembra da casa. Portanto pede-se assistência e cooperação a outros informantes como o azar e o vento.

Dies d’agost

• 10 de maio | 18h30.
• Marc Recha, 2006, 93 minutos.

Saturado depois de meses de trabalho à procura de documentação e material para escrever sobre um tempo do qual lhe falava muitas vezes um jornalista, Marc chama seu irmão David para passar juntos uns dias de férias. Mas Marc não pode desligar e David leva-o ainda mais para sul, para um lugar onde as pessoas vêm de longe, dizem eles, para pescar um peixe que tem bigodes de gato. Inconscientemente, os dois irmãos entram numa paisagem desconhecida para eles, mas onde os seus avós viveram muitas aventuras, e onde encontram à deriva personagens que os mergulham num paraíso perdido.