Nove filmes espanhóis no Festival de Cinema Porto/Post/Doc
A seção Cinefiesta traz uma seleção de documentarios propostos por cinco festivais espanhóis: Play-Doc, Curtocircuito, SACO, Filmadrid e Novos Cinemas.
Porto/Post/Doc
O Porto/Post/Doc: Film & Media Festival é um festival do cinema do real do Porto, que ocorrerá de 27 de novembro a 3 de dezembro de 2017. Como ponto de encontro para criadores, público e profissionais do cinema, o Porto/Post/Doc tem como objetivo promover a cultura cinematográfica, exibindo as novas formas do cinema contemporâneo.
Com uma filosofia eclética, composta por uma competição internacional e vários programas paralelos (tais como Transmission, para documentários sobre música e festas noturnas; ou o Fórum do Real, com debates com especialistas e académicos), o festival vai ocupar quatro espaços do Porto (Teatro Municipal do Porto – Rivoli, Cinema Passos Manuel, Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e Maus Hábitos), uma cidade histórica e cosmopolita, centro de uma comunidade vibrante e com uma vida noturna calorosa.
Cinefiesta
Cinefiesta è uma seleção de documentários recentes espanhóis, de autores que têm cultivado um género híbrido, entre documentário e ficção. Esta secção é composta com cinco cartas brancas propostas a cinco festivais espanhóis: Play-Doc, Curtocircuito, SACO, Filmadrid e Novos Cinemas.
Todos os filmes serão acompanhados pelos respetivos realizadores e pelos programadores dos festivais que fizeram a escolha. Haverá Q&A no final das sessões.
Programa
Una Vez Fuimos Salvajes (Uma Vez Fomos Selvagens)
- 27 de Novembro às 18h00.
- De Carmen Bellas, 2016, 61 minutos. Ver trailer
San Cristóbal é um bairro popular de Madrid. A sua história são as histórias dos seus moradores. Uns vivem o presente, outros lembram o passado, como José, um morador idoso com quem a realizadora mantém uma conversa imaginária sobre as transformações do bairro. A câmara, entretanto, acompanha as crianças. Vemos as suas brincadeiras na rua e no parque. A maioria são filhos de imigrantes: são madrilenos de origem cigana, marroquina, equatoriana, dominicana. A sua memória será a futura memória do bairro.
El Jurado (O Jurado)
- 28 de Novembro às 18h00.
- De Virginia García del Pino, 2012, 63 minutos. Ver trailer.
A verdade é apenas um grupo de pixels, resultado de um zoom digital em faces desfocadas. E a câmara que filme os membros de um júri popular, diante de um julgamento por assassinato, está tão perdida como esse júri no labirinto de evidências, imagens e testemunhos, incapaz de filmar algo para além da sua própria decomposição.
Mi Hermana y Yo (A Minha Irmã e Eu)
- 28 de Novembro às 18h00.
- De Virginia García del Pino, 2007, 28 minutos. Ver trailer.
Um documentário sobre o rastro familiar, a infância, o amor e a rejeição, com base na imagem de dois irmãos adolescentes que protagonizam uma viagem premonitória para o interior e que nos devolve um presente cru e nu, de onde todos nós participamos de forma irremediável.
Lo Que Tú Dices Que Soy (O Que Tu Dizes Que Sou)
- 28 de Novembro às 18h00.
- De Virginia García del Pino, 2007, 28 minutos. Ver trailer.
Um talhante, uma guarda civil, um empresário, uma stripper, um dono de porcos e uma mulher desempregada falam-nos sobre a identidade do trabalhador e a repercussão social das suas profissões.
Improvisaciones de Una Ardilla
- 28 de Novembro às 18h00.
- De Virginia García del Pino, 2007, 27 minutos. Ver trailer.
Imagens organizadas de forma aparentemente aleatória. E uma voz, não identificada, que comenta. Nas fotos desfilam políticos em reuniões e uma audiência que escuta.
El Nome de los Árboles (O Nome das Árvores)
- 29 de Novembro às 18h00.
- De Ramón Lluís Bande, 2015, 102 minutos. Ver trailer.
Quando não há provas para o trabalho científico dos historiadores, ou as que existem estão ocultas, o que resta é o relato do horror tal como foi preservado pelos que o viveram e pelos seus descendentes. É isto que faz o asturiano Ramón Lluís Bande, que está há anos a documentar a repressão dos militantes republicanos que continuaram, depois da Guerra Civil, a luta armada contra o franquismo. O resultado é uma inspiradora reivindicação da palavra e da História contada, a História de um país para além das versões oficiais.
Inausketa (Podar)
- 02 de Dezembro às 16h00.
- De Ander Parody, 2015, 6 minutos. Ver trailer.
Ziripot é um contador de histórias da tradição popular basca que não tem ninguém que o escute. Exiliado em Castela, deambula de um lado para o outro, incapaz de se integrar e de se expressar. Este não é um tempo nem um país para mitos, mas já não basta mudar o conto: é preciso alterar a forma. Entzungor é o que cinema que precisamos hoje, em guerra alegre contra a alienação e contra o mal da banalidade. Como grande complemento, Inausketa, a poesia sublime do galego Díaz Castro transformada em imagem que parecem arrancadas da terra.
Entzungor, Ahuntzaren Gauerdiko Eztula (Ouvidos Surdos)
- 02 de Dezembro às 16h00.
- De Ander Parody, 2017, 78 minutos. Ver trailer.
Ziripot é um contador de histórias da tradição popular basca que não tem ninguém que o escute. Exiliado em Castela, deambula de um lado para o outro, incapaz de se integrar e de se expressar. Este não é um tempo nem um país para mitos, mas já não basta mudar o conto: é preciso alterar a forma. Entzungor é o que cinema que precisamos hoje, em guerra alegre contra a alienação e contra o mal da banalidade. Como grande complemento, Inausketa, a poesia sublime do galego Díaz Castro transformada em imagem que parecem arrancadas da terra.
El Desencanto (O Desencanto)
- 02 de Dezembro às 18h30.
- De Jaime Chavarri, 1976, 91 minutos. Ver trailer.
- TM Rivoli, Auditório Isabel Alves Costa.
Um país, uma família. O país está a sair de uma ditadura. A família ainda está de luto pela morte do pai, o poeta falangista Leopoldo Panero. As conversas cheias de hipocrisia e rancores entre a viúva e os seus filhos, também poetas, foram interpretadas na altura como uma alegoria da decomposição do regime franquista após a morte do ditador. El desencanto recolhe, assim, o desabafo de uma família e de um país ainda atormentados pela figura do pai tirano.