MEXE IV
O IV Encontro Internacional de Arte e Comunidade apresenta o trabalho das companhias de teatro Atalaya TNT e Aullidos de Otxar.
Nesta IV edição o tema do MEXE é Cidade-Corpo Colectivo. Mais do quepensar cidade, ou só pensar cidade nas lógicas mais habituais, é necessário vivercidade para que ela possa também ser pensada. A cidade como um espaço de expansão dos corpos e acções dos seus cidadãos. É na contaminação orgânica que se constrói corpo, sendo que tal acontece de uma forma instável e fluída, dando espaço à transformação difícil mas desejada. MEXER com e na cidade representa alargar o espaço da criação e isso traduz-se inevitavelmente num reforço da cidadania.
É urgente aprofundar a relação com o nosso corpo individual, e deste com ocorpo colectivo-cidade, assumindo-se este investimento como diário e sistemático. Que cidade nos inspirou no passado? Que cidade se “esgotou”? Que formas toma a cidade? Que cidade procuramos? Como construímos cidade? Como se organizae funciona esta cidade? A cidade nos seus múltiplos sentidos, numa visão larga, contemplando as dimensões humana e física. A cidade como potência das mais variadas possibilidades de organização social, muito para além do administrativo e funcional, do rural e do urbano, muito para além da tendência securizante para etiquetar e apartar. Recorrendo à ideia de Sartre de que “o importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós”, o MEXE convoca este ano a uma celebração da cidade, fazendo com ela o que sonhamos, o que ainda é impossível, e dando um contributo desta forma para a sua contínua (re)construção.
É com base nestas motivações e princípios que o MEXE se organiza em quatro pilares:
- Apresentação: espetáculos, instalações, performances
- Pensamento: encontro internacional de reflexão sobre práticas artísticas comunitárias – EIRPAC
- Formação: oficinas
- Documentação: mostra de documentários
Participação espanhola
Fuente Ovejuna
- 21 de setembro às 21h00 no TECA – Teatro Carlos Alberto.
- Por Atalaya TNT. Duração: 60 minutos. Direção: Pepa Gamboa.
Fuente Ovejuna (1619) é uma obra de teatro barroco, de Lope de Vega, na qual o povo se insurge contra a injustiça e os abusos de poder. Segundo o crítico literário Menéndez Pelayo, “não há obra mais democrática em todo o teatro castelhano”. Em 1476, os habitantes de uma aldeia andaluza chamada Fuente Ovejuna, fartos de suportar os abusos do seu senhor, revoltam-se em unanimidade contra ele. A rebelião acabou em assassinato, contudo o inquisidor não conseguiu arrancar mais das bocas dos aldeões que uma única resposta: «Fuente Ovejuna o fez».
Oficina-Conversa com Atalaya TNT
- 22 de setembro às 11h00 no TECA – Teatro Carlos Alberto.
- Com Carina Rámirez Montero, David Montero e Rocio Montero Maya.
A partir do trabalho realizado pela companhia e pela encenadora Pepa Gamboa com mulheres ciganas do acampamento de Vacie, questiona-se as formas de trabalho do teatro social que permitiu a estas mulheres, através dos espetáculos percorrer Espanha e parte da Europa dando-lhes uma infinidade de reconhecimento. Um trabalho que não procura disfarçar o que estas não são, mas antes, extrair da sua essência toda a potencialidade cénica e artística. Nesta oficina-encontro irão partilhar algumas das chaves deste processo de trabalho.
La vida en una maleta
- 24 de setembro às 16h00 no TECA – Teatro Carlos Alberto.
- Por Aullidos de Otxar. Duração aprox: 75 minutos. Direção artística: Arantxa Lurre.
La vida en una maleta fala-nos dos sentimentos e emoções que acompanham as pessoas que deixam a sua terra em busca de um futuro sem fome, um futuro melhor para viver. Otxarkoaga, o bairro de onde são os atores e atrizes do grupo ”Aullidos de Otxar”, para onde vieram com seus pais nos anos 50, anos de franquismo em Bilbao, e se fixaram. Na obra baseada nos seus testemunhos e da gente do bairro, contámos essa decisão de sair, da viagem sem retorno e o assentar numa nova terra.