Bem-vindo ao paraíso de Manolo Espaliú
O Festival “Encontros da Imagem” de Braga acolhe esta exposição de fotografia no âmbito da “Mostra Espanha 2021”.
Nos últimos anos, dezenas de novos centros urbanos foram construídos em todo o Irão, de acordo com o projeto de habitação social Maskan-e Mehr: um total de 17 novas cidades e cerca de 1,5 milhão de fogos, com o objetivo central de reverter a migração para grandes cidades, onde a qualidade de vida se vai deteriorando devido ao trânsito, à poluição e ao elevado preço da habitação.
Estas comunidades foram construídas em ambientes áridos, quase desérticos, como em Pardis (análogo a “paraíso” em persa, meia hora a nordeste de Teerão), muitas vezes sem equacionar devidamente as condições ecológicas das terras.
O plano era equipar cada comunidade com uma ampla gama de serviços –transportes públicos, parques, hospitais, escolas, mesquitas–, mas a implementação real desses planos depressa revelou ser um fracasso. O aumento da taxa de inflação, bem como o agravamento das sanções internacionais, tornaram esses empreendimentos não lucrativos para os empreiteiros, levando-os a abandonar os projetos a meio da construção.
Cerca de 200.000 fogos não tinham acesso a abastecimento de água, aquecimento e saneamento básico. Por fim, o plano habitacional Maskan-e Mehr acabou por se revelar um dos maiores entraves à recuperação económica do Irão.
31ª Encontros da Imagem
Génesis 2:1 foi o tema escolhido para a 31ª edição dos Encontros da Imagem, Festival Internacional de Fotografia e Artes Visuais, que se realizará entre 17 de setembro e 31 de outubro de 2021. Entre as diversas atividades, o Festival englobará 46 exposições distribuídas por mais de 24 espaços distintos que contam com a participação de 62 fotógrafos.
Nunca um tema escolhido se enquadrou tão bem no contexto que atualmente Portugal e o mundo vivem, neste início da década de 20. Génesis 2:1 dá continuidade ao tema do ano passado. Um ano depois, voltamos também nós e todo o mundo, em resultado da crise pandémica provocada pela Covid-19, de novo, a um confinamento generalizado. Gerou-se a confusão e o caos. Uma incapacidade coletiva para compreender a desordem das coisas, confrontando a humanidade com desafios cada vez mais complexos e exigentes.
A sociedade contemporânea vê-se há muito perante enormes desafios a nível global, desde questões relacionadas com o planeta e com os seus problemas ecológicos (perda da biodiversidade, alterações climáticas: aquecimento e poluição) até às civilizações que o habitam, muitos dos quais geram novas desigualdades e indiferença moral (políticas, religiosas, fronteiras, refugiados, racismo, questões de género e muitas outras. Aquilo a que chamamos progresso não só deixou de coincidir com a humanização do mundo, como pode acabar por ditar o seu fim). Urge encontrar soluções para acabar com as desigualdades e indiferença em relação ao sofrimento de milhões de pessoas.
Impõe-se a pergunta: que futuro nos espera? A crise em que vivemos constitui uma oportunidade para todos nós encontrarmos causas comuns e discutirmos as melhores soluções para o que importa fazer.