Ibéria: Música entre Portugal e Espanha

Ibéria: Música entre Portugal e Espanha

O evento traz um programa de quatro concertos que trata sobre o patrimonio musical ibérico e as obras de compositores com grande influência nos dois países.

Ficou famosa a declaração convicta do escritor José Saramago, Prémio Nobel de Literatura, de que um dia Portugal e Espanha se juntariam num país chamado Ibéria. Já antes, no livro A Jangada de Pedra (1986), Saramago escrevera sobre a separação física da Península Ibérica do resto do continente europeu como consequência de uma série de fenómenos sobrenaturais. Esquecendo as questões nacionais, a verdade é que existe um imenso património histórico e cultural comum ou dialogante a unir os dois países e as suas diversas regiões.

Ao longo de dois dias, 24 e 25 de novembro, quatro concertos atestam esta mesma cumplicidade, juntando uma série de obras de compositores de origem ou de inspiração ibérica, assim como peças que documentam e são consequência dos trajetos de músicos que construíram a sua carreira passando para o outro lado da fronteira – é o que nos é proposto ouvir em Meandros Musicais do Tejo, com Ana Quintans e Carlos Mena, ou no criterioso programa preparado pelo maestro Pedro Teixeira para o Coro Gulbenkian.

Sem precisar de separar fisicamente o território ibérico da restante Europa, Ibéria: Música entre Portugal e Espanha, em colaboração com a Fundación Juan March / curadoria de Miguel Ángel Marín, convida ao reconhecimento da música criada num outro país, com uma identidade tão próxima que, em muitos casos, se confunde com o espaço do outro. Com Pierre Hantaï, o Cuarteto Quiroga e Jonathan Brown, membro do Cuarteto Casals, afirma-se também esse cuidado fundamental na defesa de um património musical que importa manter vivo, como forma de aproximar os povos ibéricos do seu precioso legado.

Pierre Hantaï

  • Sábado, 24 novembro 2018 às 16h00.
  • Edifício Sede – Grande Auditório.

O cravista francês Pierre Hantaï começou por alcançar reconhecimento através das suas interpretações das Variações Goldberg, de J. S. Bach, compositor por quem desenvolveu uma irresistível fixação desde a infância. Mais tarde, juntou a essa especialização um interesse particular pelas peças de Domenico Scarlatti. Acerca dos seus quatro álbuns dedicados ao compositor italiano –que aqui estabelece a ponte para um reportório de foco ibérico– a Gramophone afirmou tratar-se do “resultado sublime de mestria artística empenhada na missão de comunicar o génio sempre encantador de Scarlatti”.

Música Ibérica: Recuperação e Apresentação (Conferência)

  • Sábado, 24 novembro 2018 às 18h00.
  • Auditório 3.
  • Participam Cibrán Sierra, Pedro Teixeira, Carlos Mena e Miguel Ángel Marían (Moderador).

Cuarteto Quiroga

  • Sábado, 24 novembro 2018 às 19h00.
  • Edifício Sede – Grande Auditório.

Um programa que reúne músicos de dois dos mais reputados quartetos de cordas espanhóis e europeus. Jonathan Brown, violetista do Cuarteto Casals desde 2002, junta-se ao Cuarteto Quiroga para um recital que junta a mestria de J. Haydn à originalidade sonora dos autores ibéricos. É um passo natural no percurso do Cuarteto Quiroga que, desde que se afirmou na cena internacional, foi enriquecendo o seu repertório de forma abrangente e chamando para o seu convívio compositores e músicos que partilham com o grupo a sua história e a vida criativa em terras de Espanha.

Ana Quintans e Carlos Mena

  • Domingo, 25 novembro 2018 às 16h00.
  • Edifício Sede – Grande Auditório.

Poeta, compositor e impressor, Jaime de la Té y Sagáu é um dos segredos mais bem guardados da música ibérica. Nascido em Barcelona em finais do século XVII, Té y Sagáu chegou a Portugal em 1706 ou 1707, para participar nas negociações do casamento de D. João V com D. Maria Ana de Áustria. Foi nesse período que iniciou a composição de cantatas em honra da rainha D. Maria Ana. Unindo os seus vários talentos, ocupava-se com frequência tanto da música, quanto das palavras, tendo embarcado numa tal produção que hoje lhe são atribuídas, entre sacras e profanas, mais de 250 cantatas.

História da Relação Musical entre Portugal e Espanha (Conferência)

  • Domingo, 25 novembro 2018 às 18h00.
  • Auditório 3.

Num formato de mesa redonda participam Fernando Miguel Jalôto, Cristina Fernandes e Jorge Matta (Moderador).

Coro Gulbenkian: Rosa Immaculata

  • Domingo, 25 novembro 2018 às 19h00.
  • Edifício Sede – Grande Auditório.

Reunindo um relevante conjunto de obras de inspiração mariana, Pedro Teixeira dirige um programa focado em compositores ibéricos que escolheram desenvolver a atividade artística fora do seu país. Assim aconteceu com os espanhóis Francisco Garro e Estêvão Lopes-Morago –o primeiro chegou a Portugal para se tornar mestre de capela do rei Filipe I, o segundo assumiu o posto de mestre de capela da Sé de Viseu. Em sentido inverso, prova de como o fluxo biunívoco tem sido uma constante da história entre os dois países, também Estêvão de Brito, nascido em Serpa, seria mestre de capela em Badajoz e Málaga.

  • Música
  • Lisboa
  • sáb, 24 de novembro —
    dom, 25 de novembro 2018

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