Gostava de estar viva para vê-los sofrer em Braga
A Companhia de Teatro de Braga estreia “Gostava de estar viva para ve-los sofrer”, uma tradução do texto do Max Aub com encenação do espanhol Ignacio García e protagonizado por Ana Bustorff.
Gostava de estar viva para vê-los sofrer
- 28–30 de Outubro às 21h30.
- Encenação: Ignacio García (Espanha / México).
- Tradução do texto do Max Aub: Ivonete da Silva Isidoro.
Max Aub (Paris, 1903 - México D.F., 1972) foi um romancista, dramaturgo, poeta e crítico espanhol. É uma das principais figuras da literatura espanhola no exílio. Este foi obrigado a abandonar o país após a derrota da República na Guerra Civil e, desenvolveu a maior parte do seu trabalho no estrangeiro.
Neste texto de Aub, Emma, a protagonista, tenta resistir ao esquecimento causada por todas as perdas que lhe provocaram as guerras. Esta obra faz-nos refletir sobre a identidade, sobre o que somos e o que perdemos e sobre aqueles que foram forçados a deixar o seu pais e a sua vida e que nos ignoramos.
Segue o resumo do encenador, o espanhol Ignacio García:
A dureza testemunhal é uma das principais qualidades deste texto seco e sórdido de Aub. Não quero que ninguém me console, diz Emma Blumennthal ao resistir à tentação melodramática e ao esquecimento. Tenta mitigar a sua própria amargura por todas as perdas, encontrando-lhes um sentido e uma missão. E a sua missão é o testemunho, a presença e a denúncia: isso eu vi. Sim! E ainda estou viva. E ainda há quem não queira inteirar-se. As suas palavras assumem uma dimensão enorme e justificam a sua presença diante de nós. Apesar do sofrimento, aquela mulher torturada pela vida e pela história decide ir em frente, viver, lutar e, acima de tudo, recordar, porque como diz: se não houver memória, para que se vive? Isto explica claramente a nossa proposta: romper as fronteiras do silêncio e do esquecimento. Por isso veio, para que nos deixe observar sua miséria e degradação, por isso vamos pôr em cena este texto; para não esquecer aqueles que viveram estas e outras guerras, recordar as vítimas dos totalitarismos aniquilantes e avisar para o perigo de uma sociedade que roça a debilidade. Para reivindicar o valor do teatro testemunho do exílio, como um instrumento vivo e eficaz para interpelar a sociedade.
– Ignácio Garcia