Controlo e fuga de Juan Giralt

A Sociedade Nacional de Belas Artes acolhe esta exposição antológica que mostra os últimos anos de trabalho do artista plástico Juan Giralt no âmbito da “Mostra Espanha 2021”.

O objetivo desta exposição é oferecer uma pequena exposição antológica que mostre os últimos anos de trabalho de Juan Giralt (Madrid, 1940-2007), uma época de plenitude criadora na qual pratica uma pintura na corda bamba, de síntese entre extremidades, adepta do jogo metapictórico e, ao mesmo tempo, profundamente sensitiva.

Juan Giralt conheceu um sucesso inicial como pintor. Formado no informalismo dos anos 50 do século passado, participou da rotura geracional com este movimento desde meados da década seguinte, quando evoluiu do expressionismo pós-CoBrA para uma neofiguração de ressonâncias pop que o tornaria, já nos anos 70, uma das principais referências da cena artística espanhola.

Juntamente com o seu domínio da cor e da plasticidade, normalmente destaca-se, em Giralt, a solidez da sua aposta pictórica, o facto de, sem ser alheio às correntes do seu tempo, ter conseguido conformar uma linguagem plenamente reconhecível, na qual a abstração e a referência figurativa, o cerebral e o intuitivo, a pulcritude desenhística e a untuosidade da pintura, a expressividade do gesto e a análise formal de tendência geometrizante convivem, não sem fricção, num delicado equilíbrio que parece multiplicar para dentro a superfície da obra.

Esta pulsão integradora, percetível já no seu trabalho experimental dos anos 80, viria a cristalizar com toda a rotundidade nos seus esplêndidos últimos vinte anos de carreira. Desde então, a reputação de Giralt consolidou-o como uma das figuras mais originais e sugestivas da arte espanhola contemporânea. O rasto deixado pelo seu desinibido ecletismo e pelo seu peculiar tratamento do espaço pictórico, no qual incorpora a técnica da colagem, é detetável em muitos artistas posteriores.