Apostolados. Pedes in terra ad sidera visus

Apostolados. Pedes in terra ad sidera visus

A exposição estabelece um diálogo único entre os “apostolados” de dois artistas espanhóis de diferentes épocas e estilos: Francisco de Zurbarán e José María Cano.

A exposição intitulada Apostolados. Pedes in terra ad sidera visus (Os pés no chão, o olhar no céu) estabelece um diálogo único entre a obra de dois artistas espanhóis, Francisco de Zurbarán (Fuente de Cantos, Badajoz, 1598 – Madrid, 1664) e José María Cano (Madrid, 1959), ambos autores, entre muitas outras obras, de dois “apostolados”.

A série de retratos dos doze apóstolos que seguiram e divulgaram os ensinamentos de Jesus foram feitos na oficina de Francisco de Zurbarán em 1633. Não está documentado se foram especificamente encomendados pelo rei Filipe IV da Espanha (III de Portugal) para o Palácio do Arcebispo –o antigo Mosteiro de São Vicente de Fora–, mas lá se colocaram originalmente, até passar a fazer parte da Colecção Permanente do Museu Nacional de Arte Antiga, em 1913, onde são preservados hoje.

No caso de José María Cano, foi desejo do próprio artista aprofundar no significado que estes personagens podem ter moral e espiritualmente nos nossos dias. A criação dos seus doze retratos ocorreu em diferentes fases entre 2015 e 2019, e o conjunto foi exibido pela primeira vez em todo o mundo em 2019 numa exposição individual no Museu de Arte de San Diego (EUA) em conexão com a exposição Art and Empire: The Golden Age of Spain, de onde viajou diretamente para Lisboa.

Os apostolados de Francisco de Zurbarán e José María Cano vão ser expostos agora, frente a frente, na sala 58 do Museu Nacional de Arte Antiga e, apesar de diferenças de formato e estilo, sua coexistência espacial e temporal permite estabelecer conexões iconológicas significativas entre estas figuras separadas por quase 400 anos.

O subtítulo da exposição, Pedes in terra ad sidera visus, alude à necessidade de combinar materialidade e espiritualidade para dar sentido à consciência transcendente que nos eleva além do nosso mundo físico. A descentralização comum às figuras barrocas e contemporâneas evidenciam a correspondência entre duas épocas de crise, fala sobre o sofrimento como um processo de purificação e mostra como a formalização artística que explora o pathos das tipologias humanas contribui à catarse que ajuda a converter nossa escuridão em luz.

A inauguração da exposição será no dia 21 de Novembro às 18h no Museu Nacional de Arte Antiga de Lisboa.

  • Artes visuais
  • Lisboa
  • qui, 21 de novembro —
    dom, 12 de janeiro 2020

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