Angélica Liddell: Lo frío y lo cruel
Um dos principais nomes do teatro contemporâneo europeu, Angélica Liddell regressa a Portugal com o seu trabalho “Lo frío y lo cruel”.
Angélica Liddell, pseudónimo de Angélica González (Figueres, Espanha, 1966) é dramaturga, encenadora, atriz, escritora e poetisa espanhola. Liddell, com quem a BoCA tem mantido uma relação próxima –foi na BoCA Summer School, em 2017, no workshop A Eloquência da Ferida ou A Tragédia da Liberdade: Transgressão que iniciou a pesquisa que gerou o espectáculo Scarlet Letter –, regressa agora a Portugal para estrear uma nova criação.
Tomando como ponto de partida a narrativa de Leopold Von Sacher-Masoch e também a de Marquês de Sade, o texto O Frio e o Cruel (1967) de Gilles Deleuze faz uma análise ao conceito de sadomasoquismo, que ele descreve como “monstro semiológico”. Nesta nova criação, Angélica Liddell foca-se na parte literária e artística das perversões, afastadas de qualquer explicação clínica, onde é destacada a expressão poética que vai além de qualquer fronteira ou disciplina artística, para apresentar as relações entre pai e filha.
Liddell faz põe em cena o confronto entre si e o seu falecido pai, exorcisando no próprio corpo, biográfico e transgressor, as vísceras dessa relação, que já foram fundadas no egoísmo e, agora, são maldição. A nova criação que Liddell relaciona-se com o momento em que Liddell é confrontada com a perda dos seus pais, numa investigação da dor profunda da infância, sendo projectada para um espaço não-convencional, a bela Sala do Capítulo do Mosteiro de Tibães.