Ana Raquel Pinheiro e Josetxu Obregón: Concierto inaugural da Mostra Espanha 2021
Os violoncelistas Ana Raquel Pinheiro e Josetxu Obregón darão um concerto no âmbito da abertura oficial da “Mostra Espanha 2021”.
O violoncelista espanhol Josetxu Obregón e a violoncelista portuguesa Ana Raquel Pinheiro apresentam obras que puderam ser ouvidas na época em que Alonso Sánchez Coello pintou o quadro La infanta Isabel Clara Eugenia y Magdalena Ruiz (1585-1588). Assim, o toledano Diego Ortiz foi mestre de capela na corte do vice-reinado espanhol de Nápoles e escreveu o Tratado de glosas (Roma, 1553), obra fundamental da literatura teórica e do reportório, do qual escutaremos duas Recercadas no concerto.
Também no século XVI, sob os auspícios de Filipe II, floresceu uma escola de vihuelistas que publicaram sete tratados únicos no mundo, entre os quais se destaca o de Luys de Narváez (Los seys libros del Delphin de música de cifra para tañer vihuela, Valladolid, 1538), com as suas famosíssimas diferenças sobre a canção Guárdame las vacas. Por sua vez, um dos maiores compositores do seu tempo, Antonio de Cabezón, foi organista da capela musical dos reis Carlos I e Filipe II e compôs as suas Obras de música para tecla, arpa y vihuela (Madri, 1578), publicadas pelo seu filho Hernando, que contêm também diferenças, nome dado na época às variações. Finalmente, o frade agostinho Bartolomé de Selma y Salaverde esteve ao serviço do arquiduque Leopoldo da Áustria, arcebispo de Estrasburgo, e publicou a sua única obra conhecida, Canzoni, fantasie e correnti da suonar (Veneza, 1638), coleção a que pertence a obra que compõe o programa.
Ana Raquel Pinheiro, violoncelo barroco
Ana Raquel Pinheiro nasceu na Covilhã. Iniciou os seus estudos de violoncelo aos 12 anos na Escola Profissional de Artes da Beira Interior, com Rogério Peixinho. Concluiu uma licenciatura em violoncelo na Escola Superior de Artes Aplicadas, com Miguel Rocha e Catherine Stynckx. Estudou violoncelo barroco na Scuola Civica di Milano com Gaetano Nasilo, graças a uma bolsa da Fundação Gulbenkian. Assistiu a master classes com Márcio Carneiro, Jeroen Reulling, Xavier Gagne-Pan, Jian Wang, António Meneses, Elisa Joglar, Leonardo Luckert, Itziar Atutxa e Rainer Zipperling. Recebeu, em 2001, o 2º prémio da Classe B no Concurso de Arcos Júlio Cardona.
É professora de violoncelo na Academia de Música de Santa Cecília, Lisboa. Colabora habitualmente com Os Músicos do Tejo (Portugal), Musici di Santa Pelagia (Itália), Divina Armonia (Itália), La Risonanza (Itália) e Orquestra Barroca Divino Sospiro (Portugal).
Josetxu Obregón, violoncelo barroco e direção artística
Nascido em Bilbau, Josetxu Obregón estudou violoncelo, música de câmara e direção de orquestra em Espanha, na Alemanha e na Holanda, especializando-se em violoncelo barroco no Real Conservatório de Haia.
Atuou por toda a Europa e ainda no Japão, China, Estados Unidos, Israel, México, Chile, Costa Rica, Peru, Bolívia, Nicarágua, etc. Colaborou com as orquestras europeias mais importantes, nomeadamente o Koninklijk Concertgebouworkest de Amesterdão e a Rotterdams Philharmonisch Orkest, e participou, como solista, em conjuntos como l’Arpeggiata, European Union Baroque Orchestra (EUBO) Arte dei Suonatori ou Al Ayre Espahol.
E fundador e diretor musical de La Ritirata e professor do Real Conservatório Superior de Madrid, Obregón obteve mais de 15 prémios em concursos nacionais e internacionais; atualmente toca um violoncelo original de 1740, construído por Sebastian Klotz.